Em 9 meses, quase metade das vacinas contra a dengue não foi aplicada no Ceará


Com o aumento do período chuvoso no Ceará, cresce a preocupação com o acúmulo de água em reservatórios, que pode favorecer a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. Apesar da disponibilidade de vacina na rede pública de saúde, quase metade das doses enviadas ao Estado ainda não foi aplicada nos últimos nove meses.

Diante da baixa demanda, o Ministério da Saúde (MS) decidiu ampliar o público-alvo da imunização e remanejar doses próximas do vencimento para novos municípios. As mudanças incluem:

  • Doses com dois meses de validade: podem ser redistribuídas para municípios ainda não contemplados ou aplicadas em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos;
  • Doses com um mês de validade: a vacinação pode ser ampliada para a faixa etária de 4 a 59 anos.

A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) ainda não definiu como ocorrerá essa ampliação no Estado. Uma reunião com representantes municipais está prevista para a próxima semana para deliberar sobre a distribuição das doses.

Situação da vacinação no Ceará

Desde abril de 2024, o Ceará recebeu 75.195 doses da vacina contra dengue, sendo a última remessa, com 5.905 doses, enviada em dezembro. Segundo dados do painel de monitoramento da Secretaria de Informação e Saúde Digital (Seidigi) do MS, até 18 de fevereiro, foram aplicadas 39.667 doses no Estado, o equivalente a 52% do total. Destas:

  • 29 mil correspondem à primeira dose;
  • 10 mil à segunda dose.

A vacinação tem ocorrido majoritariamente entre adolescentes de 12 a 17 anos (21,6 mil doses aplicadas), seguidos por crianças de 5 a 11 anos (15,7 mil doses) e crianças de 4 anos (286 doses). Em relação ao gênero, 20,4 mil doses foram aplicadas em pessoas do sexo feminino e 19,2 mil no sexo masculino.

A Sesa confirmou que o Ceará recebeu 77 mil doses e aplicou 35 mil (45%) desde maio de 2023. O objetivo é alcançar mais de 200 mil adolescentes em 27 municípios cearenses.

Estratégias para ampliar a vacinação

A vacinação ocorre nas unidades básicas de saúde, mas a Sesa reconhece a necessidade de estratégias adicionais para garantir que os adolescentes completem o esquema vacinal. Para isso, os municípios têm realizado:

  • Dias D de vacinação em locais e horários estratégicos;
  • Mobilizações em escolas, onde equipes de saúde referenciam o público para as salas de vacinação;
  • Campanhas de conscientização para reforçar a importância da imunização.

A baixa adesão à vacina também é um desafio nacional. Em 2024, o Ministério da Saúde distribuiu 6,5 milhões de doses para Estados e Municípios, mas apenas 3,3 milhões foram aplicadas. Entre os adolescentes, cerca de 1,3 milhão que iniciaram a imunização não retornaram para a segunda dose.

Para reverter esse quadro, o Ministério recomenda que Estados e Municípios intensifiquem a busca ativa, identificando e mobilizando aqueles que ainda não completaram o esquema vacinal.

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