Aos 27 anos, a médica Tatiane Galdino já viveu uma trajetória marcada por conquistas precoces, desafios emocionais e uma jornada de autoconhecimento. Aos 15 anos, ela começou a cursar medicina na Universidade Federal do Ceará (UFC), campus de Sobral, e se formou aos 20. Hoje, após enfrentar problemas de saúde mental devido ao ritmo intenso, ela busca se reconhecer como uma mulher trans, cursa direito e sonha em se tornar professora.
Tudo começou quando Tatiane fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) aos 14 anos, ainda identificada como um homem cisgênero. Na época, ela estava no 1º ano do ensino médio e fez a prova como "treineira", apenas para testar seus conhecimentos. Para sua surpresa, obteve uma pontuação suficiente para ser aprovada em medicina. Com um parecer favorável do Conselho Estadual de Educação e uma medida judicial, ela conseguiu "pular" o 2º e o 3º ano do ensino médio, recebendo o diploma após uma prova que comprovou seu domínio dos conteúdos exigidos.
Apesar de o edital do Enem estabelecer que os "treineiros" não podem usar suas notas para ingressar na graduação, Tatiane garantiu sua vaga na UFC em 2013 por meio de uma ação judicial. Ela entrou na faculdade muito mais jovem que seus colegas, que tinham, em média, entre 26 e 28 anos. Olhando para trás, ela reconhece que não estava emocionalmente preparada para lidar com as pressões e desafios da vida acadêmica e profissional.
“Hoje eu vejo que não foi uma coisa saudável, não foi uma coisa benéfica. É particularmente enlouquecedor quando você começa a lidar com questões que, para um adolescente, são muito pesadas. Como morte, cuidados paliativos, decisões de vida ou morte… Eu preenchi a primeira declaração de óbito com 17 anos, então é uma coisa muito densa”, relata Tatiane ao g1.
Após se formar em medicina, Tatiane enfrentou problemas de saúde mental devido ao ritmo intenso e às pressões da profissão. Foi nesse período que ela começou a se reconhecer como uma mulher trans, iniciando uma jornada de autoconhecimento e aceitação. Atualmente, ela cursa direito e planeja seguir carreira acadêmica, com o sonho de se tornar professora.
A história de Tatiane Galdino é um exemplo de superação, resiliência e busca por identidade. Sua trajetória inspira não apenas pela conquista precoce de um diploma em medicina, mas também pela coragem de enfrentar desafios pessoais e reconstruir sua vida em busca de realização e felicidade.
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