Fortaleza se destaca como a capital nordestina com o maior número de shopping centers, contando com 13 empreendimentos desse tipo. O dado foi divulgado pelo Censo Brasileiro de Shopping Centers 2024/2025, realizado pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).
A consolidação da cidade como um polo de shoppings não é recente e reflete uma estratégia que vai além do varejo tradicional. Segundo Christian Avesque, consultor de empresas e professor da Faculdade CDL, os shoppings em Fortaleza foram estruturados para oferecer um mix de serviços que incluem lazer, eventos e até atendimentos públicos, atraindo um público que normalmente não frequentaria esses espaços apenas para compras.
“O shopping center, hoje, não é somente um local para consumir bens. Para se manter competitivo, ele precisa funcionar como um centro de entretenimento e prestação de serviços, além de possuir áreas para eventos, como o Iguatemi Hall, o Teatro RioMar e espaços dedicados a feiras e exposições no North Shopping”, explica Avesque.
Esse modelo amplia o chamado “fluxo inercial”, no qual pessoas que se deslocam para resolver demandas específicas, como atendimento no Detran, acabam circulando pelo shopping e potencialmente realizando compras ou consumindo serviços adicionais.
Panorama dos shoppings de Fortaleza
A capital cearense conta com 13 shopping centers, conforme o levantamento da Abrasce:
- Iguatemi Bosque
- RioMar Fortaleza
- RioMar Kennedy
- Del Paseo
- Benfica
- Pátio Dom Luís
- Via Sul
- Salinas
- Grand Shopping
- North Shopping
- North Shopping Jóquei
- Parangaba
- Reserva Open Mall
Expansão desacelerada e desafios do setor
Embora Fortaleza tenha liderado a abertura de grandes shoppings nas últimas décadas, esse ritmo de expansão diminuiu nos últimos anos. Os últimos empreendimentos inaugurados na cidade foram o Grand Shopping, em Messejana, e o RioMar Kennedy, no bairro Presidente Kennedy, ambos em 2016.
De acordo com Avesque, a consolidação desses centros de compras levou a uma saturação da Área Bruta Locável (ABL) na capital. O Ceará ocupa a terceira posição no ranking de estados nordestinos com maior ABL, totalizando 598,6 mil metros quadrados distribuídos em 22 shoppings. O estado fica atrás apenas da Bahia (677,7 mil m²) e de Pernambuco (695,3 mil m²).
Com o crescimento desacelerado, algumas unidades enfrentam dificuldades para manter ocupação plena. “Não é incomum vermos shoppings com espaços vagos e baixa movimentação. Isso ocorre porque a operação de um shopping é muito mais onerosa do que a de um mall de menor porte”, pontua o especialista.
Tendências e perspectivas para o futuro
Diante dos desafios econômicos e do alto custo operacional, a tendência para os próximos anos é o surgimento de shoppings menores, voltados para regiões mais periféricas, onde os custos de implantação são reduzidos e há demanda reprimida por centros comerciais estruturados.
“O futuro dos empreendimentos comerciais em Fortaleza passa por modelos mais compactos e diversificados, com foco em atrair consumidores por meio de operações ancoradas em serviços essenciais e varejo acessível, em vez de grandes investimentos em lojas de luxo”, avalia Avesque.
Comparação entre as capitais nordestinas
O levantamento da Abrasce também aponta a quantidade de shopping centers nas demais capitais nordestinas:
- Fortaleza: 13
- Salvador: 11
- João Pessoa: 7
- Natal: 6
- São Luís: 6
- Recife: 6
- Maceió: 3
- Aracaju: 3
- Teresina: 2
O cenário reforça a posição de Fortaleza como referência no setor de shopping centers na região, com um mercado dinâmico que evolui para atender às novas demandas de consumo e serviços da população.
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